22 de jan. de 2014

Capítulo 1 - Vocês

- "Caroline's Math Club" - eu li alto para mim mesma, deixei um suspiro escapar e me perguntei enquanto batia lentamente naquela porta azul marinho o por que de usarem nomes em inglês quando moramos no Brasil.
Caroline, a presidente do clube de matemática abriu a porta e escancarou um sorriso que me deu vontade de sair correndo que retribui.
- Áyla! - ela deu um gritinho feliz e me abraçou. 
- Carol! - eu disse e a abracei bem forte. - Tudo bem amiga? - Isso me enjoa.
- Estava com saudades de você! - eu falei dando o mesmo gritinho que ela.- Isso é insuportável.
- Ah, amiga, também! - ela me pegou pela mão e me arrastou para dentro da sala. - Galera, olha quem veio nos ver!
Haviam mais pessoas desde a última vez que vim. Continua um inferno. Ainda bem que vim vê-los. Eles falaram oi e voltaram a conversar, menos Lia que se levantou e veio me dar um abraço também. Quero ir embora. Eu a abracei bem forte, elas me perguntaram o por que da surpresa.
- Estou aqui para ver vocês é claro! -mentira eu disse animada - e para pegar uma ajudinha para as aulas. 
Elas riram, eu ri, nos abraçamos, me deram um caderno com anotações, nos abraçamos mais, prometi que voltaria, fui embora.

Voltei para casa, vi minha mãe, a cumprimentei, fiz o que pediu, fui para meu quarto, joguei a mochila no chão, tirei o uniforme, coloquei o pijama, desci para jantar, meu pai estava bêbado, ele quis falar comigo.
Quero ir embora disse que claro.
- Vamos subir - ele disse e soltou um arroto nojento. - Não precisamos que sua mãe escute nossa conversa.
Eu não quero ficar sozinha com você disse que claro. Entramos no meu quarto, ele me mandou sentar na cama
- Áyla querida, o que você anda fazendo na escola? - os olhos dele me assustavam.
- Nada de mais pai - minha voz tremia assim como meu corpo. Me pergunto o por que. - Apenas estou ficando mais tempo por causa de um grupo de estudos...
- MENTIROSA - ele agarrou meu cabelo e o puxou para trás. Isso dói papai não posso chorar não posso chorar.
- Não estou mentindo pai - eu disse com muito medo. Muito medo. - É verdade.
- PARE DE MENTIR - ele largou meu cabelo e deu um tapa no meu rosto. Eu fui pra trás com a força dele. - Eu vi você saindo com um garoto hoje! - ele puxou minhas pernas e eu cai com tudo da cama.
Não posso chorar, não posso chorar.
- Não pai... 
- ESTÁ ME CHAMANDO DE MENTIROSO? - ele cobriu minha testa com sua mão e a bateu com força no chão. Papai, para papai. Ele não parava.
- Não pai... - minha voz estava entrecortada, minhas lágrimas ameaçavam sair. Eu solucei baixinho e rezei para que ele não tivesse prestado atenção ele sempre vê isso.
- Ei - ele baixou a voz perigosamente, ele viu. - Você está chorando querida?
- Não pai - eu disse segurando minha respiração e não consegui segurar o grito quando ele passou a perna sobre mim, sentando no meu colo e me dando um soco na cara.
- Você acabou de gritar querida? - ele riu e me deu mais dois socos. Acho que isso o deixou satisfeito ele nunca está satisfeito. - Com isso você aprende a não mentir mais para mim? Acho que sim.
Ele se levantou e bateu a porta. Ouvi a chave, ele me trancou lá dentro, não trancou? Ele nos trancou de novo babaca.
- Calem a boca - eu disse baixinho. - Não preciso de vocês.
- Não precisa de nós? - eu disse com uma voz mais grave. - Você já teria se suicidado se não fosse por nós!
- Isso mesmo - eu disse com uma voz mais aguda - O papai é muito mal.
- Ele se atreve a continuar nos chamando de "querida", idiota - minha voz grave voltou.
- Áyla, a gente conta pra Materna? - voz infantil novamente.
- Não - eu voltei - Ela iria ter outro ataque e iria brigar comigo, Sete - eu disse me dirigindo a voz aguda. - Você também Revoltado, não se atreva a se voltar contra ele novamente.
- Ai - Sete, minha voz aguda e infantil disse - Ele nos bateu tanto!
- Você acha que não doeu em mim? - Revoltado, minha voz grave disse - Eu fiquei tão de saco cheio!
- É - eu voltei - Mas Materna chorou tanto. Imagino por que... - eu me sentei lentamente.
- Ai! - Sete disse - Chegava a doer o tanto que ela chorava, Áyla.
- Eu acho que a Materna pegou todos os seus sentimentos viu Áyla?- Revoltado disse e suspirou - Ela chorou pelo mesmo motivo que eu bati nele.
- Eu sou apenas uma de vocês Revoltado, Sete... - eu deixei meus olhos vagarem enquanto eu senti a dor. - A Materna é quem entende mais.
- Ela se esconde, não é? - Sete disse.
- Sim, Sete. - Revoltado disse.
- Ela era a dona original desse corpo não era? - eu disse cansada.
- Ela ainda é Áyla, por isso a chamamos de Materna, por isso ela chora e você não. - Revoltado suspirou exausto.
- Por que nós ainda fazemos isso? - eu disse.
- Por que nós amamos viver - disse Sete.
- Por que nós odiamos sentir dor - disse Revoltado.
- Por que eu não quero nunca morrer - eu, na verdade, Materna disse com a voz embargada.
E todos nós choramos. Por que somos um em um mesmo corpo. Por que todos sós convivemos nesse corpo e o compartilhamos. 
Por que a primeira de nós era fraca o bastante para nós criar.







É confuso pra caramba, é óbvio, mas acho que dá para entender que o que temos aqui não é sobrenatural e simplesmente psicológico. É como se fosse um transtorno de TDI, mas modificado por mim, no qual todos eles podem se comunicar e sabem da existência de cada um.
Acho que o que eu criei aqui não chega a ser um transtorno e sim uma forma de fuga de nossa protagonista. 

E por assim dito, vou acabando por aqui.

Paula Gonçalves de Brito.

15 de jan. de 2014

Posso esperar

Posso esperar


Seu sorriso era desconcertante e a deixava sem ar,
Seu olhar era tão intenso que suas mão tremiam de nervoso,
Seu rosto era tão familiar que seu coração relaxa apenas por olhar,
Seu corpo tão perfeito a fazia suar frio,

Então por que ele não se sentia preparado?
Por que ela já estava decida e ele hesitava?
Se ele dizia que a amava por que ia embora toda noite?
Por que era ele o inseguro?

Não fazia sentido se ele dizia que a amava,
Adorava, queria ficar para sempre com ela
E ele sempre negava seus pedidos para ficarem juntos

Sua mente por mais que dissesse que ele poderia estar mentindo,
que ele poderia estar a traindo, simplesmente brincando com seus sentimentos
Seu coração não queria e não podia desistir daquilo, 

Estava apaixonada por ele e mesmo que ele não pudesse ficar ao seu lado
Ela o esperaria até que pudesse, mesmo que sua mente gritasse que era loucura
Seus sentimentos tomavam as rédeas e mostravam seu poder

Ela poderia esperar
Eu posso esperar



Inspirada na música I Can Wait Forever - Simple Plan


Como as estrelas


Como as estrelas

Era ela então como as estrelas,
Pareciam estar juntas umas das outras, 
mas eram tão distantes quanto pareciam

Sua mente estava começando a adquirir a solidão
Estava começando a vê-la como parte de si
Estaria ela enlouquecendo?

Mesmo se estivesse não havia a quem pedir ajuda
Não existia alguém que a resgataria
Nem se berrasse, não existiria tal pessoa

As estrelas devem ser muito solitárias,
Esse pensamento a acompanhava
Devem ser solitárias e tristes,
Fechava os olhos com tal pensamento
E por fim sempre concluía que era exatamente como elas

Mas após a conclusão de seu pensamento, ela sorria e dizia a si mesma:
- Por que estou eu triste? Se sou como as estrelas, nunca desistirei até que meu brilho se esvaia.



Calada

Calada

A porta bateu com força deixando-a sozinha
Tentou gritar com todas as suas forças
Correu para o banheiro trancando a porta
Colocou as mãos na cabeça puxando seu cabelo

Não tinha como fugir, não tinha como escapar
Tentou chorar com todas as suas forças
Abriu a torneira e viu a água correr
Pegou o copo de vidro que estava em cima da pia

Ele caiu no chão se estilhaçando
Tentou mentir para si mesma com todas as suas forças
Pegou um dos cacos e o apertou na mão
Viu o sangue escorrer e pingar no chão branco

Era como uma obra abstrata
Sangue, vidro e ódio
Era isso o que ela via

Um grito mudo escapou de sua garganta
Lágrimas caíram em abundância
Mas as mentiras já não existiam mais
Não tinha mais forças para mentir

Se olhou no espelho e bateu com o punho fechado
Bateu repetidamente no reflexo de sua imagem

Era inútil tudo aquilo e ela sabia,
Sabia que não tinha e nem podia gritar
Sabia que não tinha sentido chorar

E sabia também que sua única escolha era continuar
Continuar para poder aguentar sua vida
Sabia que precisava continuar calada
Por mais que isso a enlouquecesse

Não era como se tivesse algum outro jeito
Era um beco sem fim do qual não podia voltar

E só se podia ficar assim,
Calada.





Inspirada na música No Love - Simple Plan


Revolta

Revolta


Um sentimento corria por todo o seu corpo
Parecia se apoderar dela como um parasita
Era óbvio que não pertencia aquele lugar
Era impossível que pertencesse
Não podia fazer parte daquele mundo

Os vidros estilhaçados aos seus pés
Os inúmeros cortes nos seus braços
Os móveis jogados no chão
Eram a prova de que não conseguia mais viver ali

Tinha que sair dali
Precisa conseguir um meio de fugir
Como aguentaria mais um momento ali
Naquele lugar escuro e frio
Onde só existia seu medo e sua revolta

Mas não importava o quanto gritasse
O quanto esperneasse, quebrasse,
Ela nunca poderia escapar dali.

Afinal, aquilo era a sua própria mente
Um lugar que ela tinha perdido o controle
Um lugar que tinha usado para se refugiar
Mas que acabou virando uma prisão

Só havia dor, medo, mentiras,
Como aquilo havia virado a sua mente,
como havia se tornado prisioneira daquilo
Um lugar sem amor, nem esperança.

Mas ela nunca poderia conter sua revolta
E por mais que achasse que um sentimento bom nunca existiria ali
Ela se agarrou a essa revolta - a coisa mais sólida que achou
Para poder ter forças para lutar

Forças para escapar dela mesma. 




Esse post está uma bosta mesmo já que faz muito tempo que não venho postar alguma coisa aqui no blog. O fato é que eu estou aqui por causa da música de uma das minhas (senão a única) banda preferida.
No Love - Simple Plan.