10 de jan. de 2012

Forte

Tudo era diferente agora, pelo menos para ela, ele continuou tentando se desculpar, mas ela tinha criado um escudo. Um escudo não só para mentiras, mas para qualquer coisa que vim-se dele.

Ela trancava a porta do quarto ignorando a todos, até mesmo quem ela não queria ignorar. Ela se deixava cair ao lado da porta enquanto a trancava. Deixava o seu escudo de menina imune a machucados cair. E chorava.

Chorava por ela. Chorava por ele. Chorava por ter sido tão estupida a ponto de se deixar levar pelas palavras dele. Chorava por arrependimento de ter um dia defendido ele. Chorava também por querer não acreditar nas palavras dele, mas ainda sim era difícil.

Queria morrer. Era isso que pensava. Queria fugir daquele mundo e  ir a qualquer outro lugar. Nem que fosse um campo vazio.

Só queria um pouco de paz, mas isso não parecia existir na sua vida.
Ela tinha se levantado do chão e tinha ido até a parede. De onde arrancou todo os Posters e fotos, todas as coisas que lembrasse ele.

Enquanto olhava ao seu redor, viu que a sua colcha o lembrava, que seu travesseiro o lembrava, que sua cadeira o lembrava, que seu armário o lembrava, que até o bloquinho de anotação o lembrava.

Quando na porta alguém bateu. E ela decidiu que seria forte. Estava cansada, já tinha chorado demais por alguém que não merecia. 
Foi a até a porta e a abriu. E viu quem, que ela insistia em negar, que queria ver.

Ele estava com as bochechas vermelhas e os olhos inchados, sua roupa e seu cabelo estava bagunçados, como alguém que fica rolando na cama tentando dormir. As mãos dele estavam tremendo e sua respiração entre-cortada.

Ele tentou falar alguma coisa, mas ele não conseguiu. Quando ela ia o mandar embora ele conseguiu falar.

- Por favor, Danila. Não me manda embora. Mesmo eu sabendo que mereço ir. Eu sei que você tem razões suficiente para me mandar embora. Eu sei que você não merece passar esse sofrimento. Eu sei que eu não mereço você. Eu sei que eu sou um idiota. Eu sei que eu não merecia nem ser ouvido. Eu sei de muita coisa, mas eu não sei por que fiz aquilo. Por favor. Me ouve - ele disse quando ela ia fechar a porta - por favor... Eu te amo. Eu só fiz aquilo por que achei que você não gostava mais de mim, eu nunca quis beijar ninguém alem de você, Nila. Eu achei que fazendo ciume pra você iria ficar tudo bem. Eu vendo você e o Carlos conversando me deu ciume e como eu sou um covarde não consegui falar com você eu...

Ela o beijou.

- Se você fosse tão covarde quanto diz ser, não estaria aqui. Teria me deixado sofrendo sem ao menos ligar para mim. Eu também te amo. - ele sorriu de um jeito que a fez esquecer tudo.

Esquecer que tinha pensado que ele realmente não a amava. E assim foi feliz. E a colcha de sua cama que a lembrava dele e lhe fazia mal, continuava a lembrar dele. Mas não lhe fazia mal.

De: P. Gonçalves B.
Para: Ninguém.

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